MCTI inaugura programa Bolsa Futuro Digital para capacitação em tecnologia

Investimento de R$ 54 milhões visa formar 10 mil programadores em 24 meses, abrangendo 12 estados e o Distrito Federal

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou hoje o lançamento do programa Bolsa Futuro Digital, que já está com inscrições abertas para um curso gratuito e presencial voltado à formação de 10 mil novos programadores iniciantes nos próximos dois anos. O projeto é direcionado a jovens e adultos sem experiência na área de tecnologia da informação, interessados em seguir carreira no desenvolvimento Front-end ou Back-end.

Nesta primeira fase, serão disponibilizadas 5 mil vagas em 12 estados brasileiros e no Distrito Federal, priorizando estudantes da rede pública. Após seis meses, outras 5 mil vagas serão abertas, ampliando o alcance do programa. Além da capacitação, os participantes receberão uma bolsa mensal durante a duração do curso.

Segundo a ministra Luciana Santos, “O Bolsa Futuro Digital é mais que uma capacitação: é uma iniciativa estratégica para preparar jovens para os empregos do futuro em um setor em constante expansão, que será fundamental para o desenvolvimento do país.”

A ação integra o Conecta e Capacita, política pública do MCTI focada na formação tecnológica, financiada por recursos do PPI da Lei de Informática, totalizando R$ 54,5 milhões. O programa oferece trilhas de aprendizado em Desenvolvimento Front-end e Back-end, certificação profissional e a oportunidade de uma residência tecnológica em empresas parceiras, garantindo experiência prática.

Entendendo os PPIs da Lei de Informática

Os Programas e Projetos Prioritários de Interesse Nacional (PPIs), previstos na Lei nº 8.248/1991, têm o propósito de fomentar pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor de tecnologias da informação e comunicação (TICs). Empresas que recebem incentivos fiscais pela Lei de Informática destinam recursos para esses projetos como forma de cumprir suas obrigações legais.

Desde a atualização da legislação em 2018, os PPIs permitem que os investimentos sejam direcionados ao FNDCT e parcerias com instituições acadêmicas e de pesquisa. A aprovação dos projetos é realizada pelo Comitê da Área de Tecnologia da Informação (CATI), e esses recursos representam hoje uma das principais fontes públicas para formação e inovação tecnológica no Brasil.

Contexto e inclusão social

De acordo com a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), o Brasil forma anualmente cerca de 46 mil profissionais de tecnologia, mas a demanda no mercado é superior a 70 mil. O setor oferece salários que podem ser até três vezes maiores que a média nacional. Entretanto, cerca de 21,2% dos jovens entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham, sendo que mais de 45% desse grupo são mulheres negras.

“É urgente oferecer oportunidades e esperança para esses jovens. Como primeira mulher ministra do MCTI, tenho o compromisso de promover ações que incentivem a inclusão feminina”, declarou Luciana Santos, destacando que 50% das vagas do programa serão reservadas para mulheres, reforçando o compromisso com a igualdade de gênero.

Parcerias e participação

No evento de lançamento, Marcelino Granja, assessor especial do MCTI, ressaltou a colaboração entre instituições de ensino e entidades executoras para viabilizar o programa. Ele agradeceu o empenho dos parceiros e reforçou a importância da cooperação nacional para atingir a meta de 10 mil jovens na etapa inicial.

A reitora do Instituto Federal de Brasília (IFB), Veruska Massukado, salientou que o programa representa uma união entre formação profissional de qualidade e oportunidades de emprego, ressaltando o papel dos Institutos Federais na construção de políticas públicas inclusivas.

Ruben Delgado, presidente da Softex, enfatizou que a iniciativa é muito mais do que formar programadores: “É democratizar o acesso à tecnologia, impulsionar a inclusão social e fortalecer a economia digital do Brasil, oferecendo uma capacitação alinhada com as demandas do mercado.”

Requisitos para participação

Podem se candidatar ao Bolsa Futuro Digital pessoas que:

  • Tenham concluído ou estejam prestes a concluir o ensino médio (devendo completar 18 anos até o término do curso);
  • Tenham estudado em escola pública ou, se em escola privada, tenham bolsa integral;
  • Possuam no mínimo 18 anos completos até o encerramento da formação;
  • Tenham acesso à internet para atividades complementares.

Não é necessário conhecimento prévio em programação, tornando o programa uma porta de entrada inclusiva para novos talentos.

Estrutura do curso

A capacitação terá duração total de 9 meses, divididos em duas fases:

1. Formação técnica (6 meses):

  • Aulas presenciais duas vezes por semana, com 3 horas cada, totalizando 144 horas presenciais;
  • Conteúdo complementar online com 56 horas;
  • Bolsa mensal de R$ 100 nos três primeiros meses e R$ 200 nos últimos três meses.

2. Residência tecnológica (3 meses):

  • Os melhores alunos poderão realizar uma residência em empresas parceiras, com bolsa de R$ 600 mensais e acompanhamento técnico.

O curso utiliza metodologias modernas, como Aprendizagem Baseada em Projetos (PBL) e Sala de Aula Invertida, incentivando a prática e resolução de desafios reais.

Opções de trilha

Os inscritos podem escolher entre duas especializações:

  • Front-end: focado em interfaces, design, interatividade e experiência do usuário, abordando HTML, CSS/SASS, JavaScript, React e fundamentos de UX;
  • Back-end: direcionado à lógica de servidores e bancos de dados, com estudos em JavaScript, Python ou Ruby, orientação a objetos, WebServices e modelagem de dados.

Onde o programa será realizado

O Bolsa Futuro Digital acontecerá presencialmente em 12 estados e no Distrito Federal, abrangendo as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, nos seguintes locais:

  • Norte: Pará
  • Nordeste: Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Bahia
  • Centro-Oeste: Goiás, Distrito Federal
  • Sudeste: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo
  • Sul: Santa Catarina, Rio Grande do Sul

Cada estado terá polos físicos para aulas, que poderão ser consultados no site das entidades executoras no momento da inscrição.

Entidades responsáveis

O programa será coordenado pela SOFTEX e executado pelas ICTs CEPEDI, Softex Pernambuco (SoftexPE) e Instituto Hardware BR (H.BR), contando ainda com a colaboração de diversas instituições federais e estaduais, como UEPA, IFMA, UEPB, UFPE, IFSE, IFBA, IFBaiano, IFMG, IFG, IFB, UFF, IFSP, UNESC e IFRS.

Processo seletivo

A seleção será feita em duas etapas: um teste de raciocínio lógico e o envio de um vídeo demonstrando interesse e motivação, podendo ainda incluir uma avaliação de Fit Cultural automática. A matrícula será confirmada mediante apresentação de documento com foto, conforme normas locais.

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